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            No âmbito das atividades da semana da leitura, fiz uma pequena apresentação na Biblioteca Escolar, para a turma do meu educando (8ºA) sobre a importância que a leitura teve para mim na adolescência e sobre a importância da Biblioteca Escolar e da Biblioteca de Turma, visto ser o local onde requisitava os meus livros favoritos: As Gémeas, Os Cinco, A Princesinha. No entanto há um livro que desde os 13 anos me fascina e foi esse que escolhi partilhar com os alunos, visto ser um livro intemporal, mas que aborda muitos aspetos pertinentes ainda nos nossos dias: O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry.

 Este livro vai-nos alertando para a importância das relações, para aspetos comuns do dia a dia que vamos descurando, através de diálogos com pessoas, flores, animais. Destaquei algumas das minhas passagens favoritas, tendo solicitado aos alunos que fizessem a sua interpretação da mesma antes de lhes apresentar as minhas.

As passagens selecionadas foram:

“Não há dúvida de que as pessoas crescidas são mesmo muitíssimo esquisitas” (Cap. XII) - porque efetivamente é verdade, mas o curioso foi ouvir as opiniões deles: “porque ouvem músicas antigas”/ “porque não nos deixam fazer o que queremos”. Há uma altura nas nossas vidas em que realmente achamos que os adultos são estranhos e esquisitos, mas quando atingimos a idade adulta começamos a ter uma opinião diferente, e a minha chamada de atenção, apesar de saber que “entrou a cem saiu a mil”, foi no sentido de respeitarem mais os adultos, porque um dia eles próprios serão “adultos esquisitos”.

A segunda passagem foi:

“Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços".

- Criar laços?

Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...” (Cap. XXI) - em relação a esta passagem foi interessante ouvir as definições que têm de “cativar”: “respeitar”/ “conquistar”/ “interessar”, no entanto foi consensual que é importante que saibamos “cativar” aqueles que nos rodeiam, porque ao longo da vida vamos estabelecer diferentes tipos de relações.

A última passagem escolhida é icónica da obra “. . . só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos . . .” (Cap. XXI) – porque o que realmente importa é quem somos no nosso interior, na nossa verdadeira essência, o que pretendi transmitir é que não importa a nossa condição social, religiosa ou outra, mas o que realmente importa é quem somos.

Alguns alunos referiram que já tinham lido a obra, ou passagens da mesma, em contexto escolar, pelo que apelei a que voltassem a lê-la, uma vez que à medida que vamos crescendo vamos descobrindo neste livro (e noutros) mensagens distintas que nos vão ficando para a vida.

Gostei muito de participar nesta atividade porque considero bastante  importante que os Encarregados de Educação participem de uma forma ativa na vida escolar dos seus educandos, e teremos seguramente muito para partilhar e aprender uns com os outros.

                        Ana Mira